Os Iranianos

Título: Os Iranianos

Autor: Samy Adghirni

Editora: Editora Contexto







"A noção de outro ressalta que a diferença constitui a vida social, à medida que esta efetiva-se através das dinâmicas das relações sociais. Assim sendo, a diferença é, simultaneamente, a base da vida social e fonte permanente de tensão e conflito” (G. Velho, 1996)

"O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única.” (F. Laplantine, 2000)

Com essas duas frases, início a resenha de Os Iranianos. Pois é impossível sabermos quem somos sem o outro, e precisamos conhecer o outro para nos conhecermos. Os preconceitos tem origem na ignorância e o melhor modo de combatermos esse mal da sociedade atual é com o conhecimento.

Tenho um interesse muito grande pela cultura islâmica, e esse livro me mostrou um novo olhar. Os iranianos não são árabes, são, em sua maioria, persas. Povo que tinha como religião materna o zoroastrismo, que foi suprimido com a invasão árabe em 642.

O livro nos apresenta um povo bem mais ligado ao ocidente que os outros países muçulmanos. Um povo que valoriza o ensino superior "...durante a visita de Lula ao Irã, em 2010, o aiatolá Khamenei ficou perplexo ao saber que receberia oficialmente alguém sem diploma universitário." País de excelentes engenheiros, que enfrenta uma fuga de cérebro por falta de condições.

Ao pensarmos em Oriente Médio, logo pensamos um países precários, mas o Irã é um país de classe média, com 93% de alfabetização e índices de desenvolvimento humano muito parecidos com o do Brasil, alguns até melhor.

Conhecemos um Estado Teocrático, modelo diferente do que temos no Brasil, que é um Estado Laico. Um povo orgulhoso e ufanista, e que por trás dos costumes moralmente aceitos, gostam e fazem festas clandestinas, escondidas da polícia moral. 

Enfim, um povo alegre, que difere de nós em muitos sentidos, mas que quando paramos pra olhar vemos que são pessoas assim como nós, que também se divertem, trabalham, estudam, namoram.

O livro também nos fala da geografia do local, sobre os povos que habitam o Irã alem dos persas, sobre a imagem de nação radical, a crise das tradições sociais, o vício pela internet, os impérios e dinastias e conhecemos a situação das minorias.

                 "Como quase tudo no Irã, a situação das minorias é ambígua e cheia de nuances. Mulheres andam na parte de trás dos ônibus, mas comandam tribunais para aplicar a lei islâmica em questões familiares. Judeus tem dezenas de sinagogas à disposição, mas sunitas são proibidos de construir mesquitas. Ateus oficialmente não existes, já que todo cidadão é obrigado a se declarar membro de uma religião monoteísta. Valem todas as fés monoteístas, menos o baha'ismo, cujos adeptos são perseguidos. Homossexualidade é passível de pena de morte, mas o Estado aprova e financia operações para troca de sexo."


As mulheres no Irã, destoam da maior parte do Oriente Médio, onde são praticamente invisíveis e obrigadas a cobrir o rosto. No Irã, elas tem o rosto a mostra, atuam e trabalham em todas as áreas, votam e são eleitas, dirigem livremente, pilotam aviões, atuam em competições esportivas.Iranianas não se veem como vitimas, e assumem que enfrentam os mesmos problemas que iranianos homens. 

É preciso conhecer para podermos falar, e posso dizer que independente de qualquer coisa me apaixonei pelo Irã através desse livro. Um país cheio de cultura e história, que enfrenta problemas como todos os outros países do mundo, mas tem seus pontos positivos também.

O livro faz parte da Coleção Povos e Civilizações da editora, ideia que eu achei magnífica e quero ler todos os livros: O Mundo Muçulmano, Os Espanhóis, Os Franceses, Os Russos, Os Argentinos, Os Americanos, Os Japoneses, Os Italianos, Os Chineses, Os Indianos, Os Portugueses e Os Mexicanos.

Melhor preço: Livraria da Folha

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